A discussão da petição pelo fim das corridas de touros em Portugal, que teve lugar na quinta-feira, dia 19, na Assembleia da República, é elucidativa da importância atribuída aos animais não-humanos pelos partidos com assento parlamentar: praticamente nenhuma. A pouca importância que se lhes reconhece é na qualidade de objectos, de coisas sem valor intrínseco nem propósito que não seja o de satisfazer caprichos humanos, neste caso de entretenimento.
Com a excepção da deputada Catarina Martins do Bloco de Esquerda, que ainda assim revelou a existência de diferentes opiniões dentro do seu partido, todos os intervenientes se manifestaram contra a abolição da tauromaquia, e portanto a favor da manutenção de Portugal no restrito grupo de países que aceita, encoraja e subsidia uma actividade medieval que promove e romantiza a violência e a insensibilidade.
Falou-se de cultura, de tradição, de liberdade, de gosto, como se qualquer destas palavras bonitas pudesse servir de justificação para os maus-tratos aos animais. Claramente, o bem-estar e a dignidade dos touros e dos cavalos não têm, para os actuais deputados da nação, qualquer relevância, tendo o ser humano o direito absoluto de dispor deles como e para o que bem entender, ainda que isso lhes cause sofrimento e morte.
São estes os deputados que todos elegemos, e as suas palavras não podem deixar de causar repúdio e embaraço a todos quantos aceitam a evidência científica de que a maioria dos animais são seres inteligentes e sencientes que não temos o direito de maltratar e explorar, mas antes a responsabilidade de preservar e cuidar. É isso que defendemos intransigentemente, pelo que, quando o PAN tiver representação na Assembleia da República, Portugal contará finalmente, como a Madeira já conta, com uma voz alternativa ao cego e cruel antropocentrismo que hoje minou a discussão sobre a tauromaquia. Quando o PAN tiver representação na Assembleia da República, Portugal ouvirá finalmente a voz daqueles que não têm voz.
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